sábado, 5 de outubro de 2019

Como foi o 1º Bar Convent no Brasil e quais as perspectivas para o mercado da cachaça?

O Bar Convent surgiu em Berlim em 2007 e se consolidou como uma das maiores feiras B2B do setor. Em 2019, chega ao Brasil mostrando o momento promissor do mercado de destilados no país.

O MERCADO BRASILEIRO DE SPIRITS

O Bar Convent (BCB), uma das mais importantes feiras de bebidas e bares do mundo, surgiu na Alemanha em 2007 e 11 anos depois teve sua primeira edição fora da Europa. Após ser adquirido pela Reed Exhibitions, o BCB chega aos EUA (Bar Convent Brooklyn) em junho de 2018.

Em 2019, São Paulo foi escolhida como cidade sede num evento realizado nos dias 17 e 18 de junho. A definição do Brasil como mais uma casa do evento reflete a confiança dos organizadores nas recentes transformações no mercado de destilados no país.

Bar Convent pelo mundo (BCB)

Um sinal para o setor: depois de Berlim e Brooklyn, São Paulo é a mais nova casa do Bar Convent

O brasileiro está acostumado a beber cachaça industrializada, sendo esse consumo responsável por 70% do mercado e fazendo da cachaça a maior categoria de spirits do país com o consumo de 71 milhões de caixas em 2017. Esse número é sete vezes maior do que a segunda maior categoria: vodca.

Apesar da popularidade das cachaças industrializadas, o mercado passa por uma recente premiumização. A tendência leva ao crescimento de marcas premium, artesanais e novas opções envelhecidas – não apenas para cachaça, mas para toda um leque de destilados como gim, rum, uísque e outras aguardentes. Cientes do aumento na busca por inovação, criatividade e qualidade, e para não perder espaço para marcas importadas, produtores de cachaça estão lançando rótulos premium e empreendendo na criação de novas categorias, como gins e runs nacionais.

O gim, destilado queridinho do momento, teve em 2017 crescimento de 66% com 1.8 milhão de litros. Para 2012, se estima que a categoria terá 5% do mercado nacional com crescimento de 17% ao ano. O primeiro gim brasileiro foi lançado em 2016, com a marca Virga da empresa Espíritos Brasileiros, e atualmente já são mais de 50 opções nacionais disponíveis no mercado.

Um fator importante que acompanha o desenvolvimento de novas marcas está na emergente cena da coquetelaria em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. Os principais bartenders do país estão começando a experimentar essas novas opções premium como parte de seu repertório de ingredientes. A evolução natural é que essas marcas presentes no bar chegarão aos consumidores cada vez mais exigentes e especializados – gerando maior demanda de consumo para quem quer “beber menos, mas beber melhor”.

BAR CONVENT COMO JANELA DE EXIBIÇÃO DAS MARCAS PREMIUM

O Bar Convent São Paulo mostrou que estamos numa fase de investimentos expressivos de marcas nacionais e importadas, mesmo quando o mercado não esteja preparado ainda. Apesar dos investimentos, ainda são poucos os distribuidores capazes de absorver e ajudar no desenvolvimento da categoria de destilados artesanais, geralmente marcas ainda desconhecidas pelo grande público e com uns preços mais elevados. A grande contribuição de eventos B2B como Bar Convent São Paulo está em criar demanda e conectar marcas com uma nova geração de distribuidores, bartenders, representantes comerciais, sommeliers, donos de bares e restaurantes e outros profissionais do setor.

Uma primeira onda de novos produtos nacionais e importados ajudarão na “premiumização” da categoria de spirits no Brasil. Marcas de gim, rum, uísque, tiquira, cachaça, bitters vão se fortalecer com o aumento da oferta de bons produtos, com a especialização dos profissionais e, consequentemente, ajudarão na expansão do mercado consumidor. Durante o BCB, tivemos em dois dias um gostinho disso tudo em um evento bem organizado, com marcas e profissionais de várias partes do mundo e uma sensação de que estamos num momento de mudanças positivas.

A CACHAÇA NO BAR CONVENT SÃO PAULO

Seguindo a tendência de crescimento das marcas premium, o grande destaque do BCB 2019 em São Paulo foram as marcas de cachaça chamadas de artesanais. Weber Haus, Wiba!, Gouveia Brasil, San Basile e HOF exemplificaram bem o momento do destilado nacional: produtores investindo pesado em criar portfólio de qualidade e em ações de marketing para promoção de seus produtos.

As marcas de cachaça das multinacionais como Campari (Sagatiba), Diageo (Ypióca) e Bacardi (Leblon) não tiveram destaques no primeiro Bar Convent brasileiro, mas concentraram seus esforços na positiva ação chamada Experiência Pura – um hub de diversas marcas de cachaça, das locais às grandes multinacionais, com objetivo de representar a categoria. O estante era dividido em três salas com o objetivo de mostrar ao público os valores ligados ao destilado brasileiro e a importância da sua valorização.

As palestras sobre cachaça em 2019 no Bar Convent

Felipe Jannuzzi e Nina Bastos apresentaram o conceito de Escolas Cachaceiras no Tasting Room. Maurício Maia e Isadora Fornari fizeram uma bela abordagem antropológica e histórica sobre a cachaça no Brasil. O bartender Derivan Souza e Paulo Leite falaram sobre o Rabo de Galo, um dos coquetéis mais consumidos no Brasil e um potencial grande difusor do uso da cachaça na coquetelaria. A bartender Néli Pereira apresentou sua pesquisa sobre garrafadas e infusões com diferentes botânicos nacionais.

Como foi o 1º Bar Convent no Brasil e quais as perspectivas para o mercado da cachaça?
27 de 06 de 2019 - PUBLICADO POR: Mapa da Cachaça