quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Thomas Cavendish, o corsário da costa brasileira

Sombrio era o apelido de um antigo pirata que assolou a costa norte do litoral paulista no Séc XVII, Thomas Cavendish, o “Pirata Sombrio”. Cavendish tinha como base uma enseada abrigada na costa de Ilhabela e denominada "Saco do Sombrio". O pirata exerceu boa parte de suas atividades na costa brasileira. Não era brasileiro, mas passou os últimos anos de sua breve vida (morreu aos 31 anos) por aqui, exercendo grande influência nas cidades por causa de seus ataques e saques constantes.

Cavendish ganhou notoriedade ao participar da dominação da Virgínia, nos Estados Unidos. Após algumas expedições para o Oriente, resolveu se aventurar nas águas ao sul do Atlântico, onde finalmente encontrou o lugar em que mais atuou em toda a sua vida. O inglês chegou a atacar Vitória, no Espírito Santo. Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Ilhabela, em São Paulo. Em Santa Catarina, queimou engenhos onde fez muitos escravos.

Em mais um de seus ataques à Vila de Santos e São Vicente, no Espírito Santo, viu suas tropas sofrerem grandes baixas, o que o obrigou a recuar. Ao retornar para Ilha Grande, onde estava estabelecido, foi atacado novamente e fugiu para o meio do atlântico tentando alcançar a Ilha de Santa Helena. Nessa fuga, alguns autores defendem que Cavendish morreu próximo a Pernambuco, deixando para trás o rastro de uma história de destruição e muita pirataria.

Thomas Cavendish

O Litoral brasileiro foi alvo de diversos ataques de piratas e corsários no período colonial e muitos deles passaram pela Ilha de São Sebastião (ilha principal do Arquipélago de Ilhabela) e usavam a ilha, que era desabitada para se esconder, abastecer as embarcações de água, frutas e madeira.

O mais famoso e conhecido deles foi o corsário inglês Thomas Cavendish. Ele atormentou o litoral brasileiro e foi muito temido pelos portugueses. Foi o primeiro inglês e terceiro homem a circunavegar o planeta. Suas peripécias em território brasileiro começam em 1591, quando deixou a Inglaterra com intuito de chegar à China, passando pelo Estreito de Magalhães. Durante essa expedição, passou pela costa brasileira onde saqueou vilas e vilarejos.

Um de seus ataques foi à Vila de Santos e São Vicente onde incendiou engenhos, fez reféns, conseguiu roubar muito ouro e dominou a região por dois meses. Após os ataques, Thomas Cavendish usou Ilhabela como esconderijo e como base, passando duas vezes pela região, na segunda foi duramente atacado pelos portugueses e sofreu diversas baixas. Esses ataques fizeram com que ele não completasse sua missão, até organizou outros ataques, mas sem sucesso, que o fez sair da Costa Brasileira.

Alguns de "nossos" piratas

Muitos brasileiros desconhecem que tivemos também os “nossos piratas”. Não eram brasileiros, mas de fato, fazem parte da história do Brasil.

Uma das aventuras mais fascinantes de nossa história tiveram quatro protagonistas: 2 ingleses e 2 franceses.

Imagine quem morava numa vila litorânea do Brasil, em dezembro de 1591, e viu sua cidade ser cercada ao redor da Igreja local, numa manhã? Foi o que aconteceu com os moradores de Santos ao ser atacados por Thomas Cavendish, súdito de Elisabeth I, a rainha virgem. Poucos anos, outro corsário britânico, o James Lancaster também saquearia a rica capitania do Pernambuco, conquistando grande fortuna.

Em 1710, mais de um século depois, os franceses escolheriam o Brasil como alvo de seus ataques. Jean-François Du Clerc atacou o Rio de Janeiro no auge do ciclo do ouro, cujo epicentro foram as Minas Gerais. Du Clerc fracassaria, mas deixaria ensinamentos para seu contemporâneo, que em 1711 atacaria o mesmo destino, Duguay-Troin, o último corsário a atacar o litoral brasileira obtendo êxito.

Quem foi Thomas Cavendish?

Os ladrões dos mares foram todos corsários quee saquearam nosso litoral, nos séculos XVI e XVII. Muitos tiveram autorização de seus monarcas.

O primeiro destes saques é do inglês Thomas Cavendish, que atacou a vila de Santos, na manhã de Natal de 1591. Nesta época, o Brasil era espanhol, pois vivía a chamada União Ibérica, sob o reinado de Felipe II de Espanha.

Os 300 ingleses passariam cerca de dois meses em Santos, até seguirem para o estreito de Magalhães. Eles conquistaram a cidade sem resistência e tomaram as espadas dos homens do lugar, ao cercarem a Igreja local. Nesta nossa vila colonial, já residiam dois ingleses, dentre eles, John Whithall, um senhor de engenho.

Thomas Cavendish era filho de uma família nobre de Suffolk. Aos 25 anos teve a primeira experiência no mar, sem nenhuma prática marítima ou militar. Rumou como almirante da frota armada de Walter Raleigh para a colonização da Virgínia, território que compreende os atuais estados da Virgínia e da Carolina do Norte, EUA.

Cavendish comprou e armou a sua custa, a pinaça Elizabeth, em abril de 1585. Estava no centro dos acontecimentos da corte da rainha (Elisabeth I). Voltou da Virgínia sem lucro e com as finanças comprometidas, mas com “uma sólida rede de contatos”. Portanto, a vinda de Cavendish se encontra num contexto maior e com a autorização da rainha inglesa no ano de 1586, objetivando a circum-navegação do globo, como havia feito seis anos antes, Francis Drake, o primeiro inglês a romper e desafiar os feitos de portugueses e espanhóis.

Para saquear Santos, Cavendish comprou o galeão Desire e a pinaça Hugh Gallant, teve investimentos de Francis Walsinghan (homem forte e conselheiro da rainha), um primo da própria Elisabeth I e Walter Raleigh, que navegou com uma pinaça. Além de veteranos da viagem de Drake e um comandante experiente em viagens ao Brasil.

Após sua fuga de águas brasileiras, a última carta de Cavendish, escrita poucos dias antes de sua morte, acusa John Davis de ser um "vilão" que causou a "decadência de toda a ação". John Davis continuou com a tripulação e navios de Cavendish e descobriu as Ilhas Malvinas, antes de retornar à Inglaterra com a maioria de sua tripulação perdida por fome e doença.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

RUM - CLASSIFICAÇÃO



Todos os runs atualmente são geralmente classificados em categorias como White, Gold, Dark, Navy, French or Agrícola e estilo espanhol (Spanish style rums). Basicamente rum é categorizado com base em sua cor e no caso do Agrícola, pela sua matéria prima.

Rum
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Rum é uma bebida alcoólica obtida a partir da fermentação alcoólica do melaço e de outros derivados da produção de açúcar e posterior destilação. O rum é uma bebida secular, de características refinadas e aroma suave.

Feito de canas frescas trituradas ou do seu melaço, a bebida começou a ser apreciada no século XVII, quando foi divulgada como um poderoso medicamento capaz até de "exorcizar os demônios do corpo". Conta-se também que seu alto teor alcoólico (de 35 a 55 graus GL) o fez famoso entre os piratas a partir do século XVII, os encorajando antes dos combates. Serviu como moeda de troca para adquirir escravos africanos.

O rum pode ser feito de duas formas diferentes: a agrícola e a industrial. O primeiro é obtido diretamente do caldo de cana fermentado, e o segundo é obtido a partir do melaço. A destilação pode ser feita em alambique ou coluna de destilação. Em ambas, o resultado é uma bebida cristalina. Quanto à cor dourada encontrada em alguns tipos da bebida, deve-se ao envelhecimento em tonéis de carvalho ou à adição de corantes caramelo. Os envelhecidos são muito mais caros e, pelo seu sabor peculiar e característico, devem ser consumidos puros ou com gelo. O rum pode também ser a mistura de dois ou mais tipos de rum, como o agrícola com o industrial, o de alambique com o de coluna de destilação, o novo com o envelhecido, e diferentes combinações entre estes tipos.

Tipos (Não classificação)

A grande quantidade de países produtores de rum se reflete na gama de variedades da bebida. As principais são:

Rum encorpado: é o rum escuro. Tem corpo e aromas marcantes e é originário da Jamaica, Martinica, Barbados;
Rum aromático: além do melaço da cana, contém bagos de arroz vermelho. Produzido principalmente na Indonésia, é levado para a Países Baixos e a Suécia para ser engarrafado e utilizado na fabricação do ponche;
Rum da armada: é um dos mais encorpados. Produzido na Guiana e em Trinidad e Tobago;
Rum cubano: rum leve, com teor alcoólico de 40°GL, pode ter coloração transparente (para coquetéis) ou dourada. A marca mais famosa deste tipo de rum é o Havana Club (propriedade do Estado Cubano). Esta marca surgiu quando a Bacardi foi privatizada pelos Estados Unidos. Por esta razão, a Bacardi é uma marca americana, sendo muitas vezes considerada erradamente uma marca cubana;
Rum da Jamaica: o mais forte de todos os tipos de rum. Tem teor de quase 75°GL, e geralmente é exportado para a Inglaterra, onde é envelhecido em tonéis de carvalho por muitos anos;
Rum da Martinica: encorpado, é feito do suco da cana no lugar do melaço;
Rum de Barbados: excelente qualidade, é leve e tem sabor acentuado;
Rum de Porto Rico: destaque entre os tipos mais famosos de rum, é leve e de boa qualidade.

Estilo

Estilo é outro método, por exemplo, estilo inglês, francês ou espanhol. Isso é melhor e há um reconhecimento ao Rum que é feito de melaço ou suco de cana, mas novamente a questão em torno da idade, destilação etc. não são totalmente cobertos.

Os primeiros são o rum de origem hispânica, uma bebida com um estilo leve, variando de seco a doce e ao qual são adicionados caramelo e açúcar. O segundo é o rum de origem britânica, cujo estilo é um rum escuro e sabor forte, são doces e picantes, assim como aqueles que adicionam doces, açúcar e especiarias. 

A terceira categoria é o rum de origem francesa, que, em vez de serem produzidos a partir do melaço, são produzidos a partir do caldo de cana. Eles são leves, secos e poderosos rum, eles são controlados por uma Denominação de Origem, isto é, por um tipo de indicação geográfica.

País de Origem

O uso do País de origem é outra classificação frequentemente utilizada e esta é boa onde existem regulamentos, por exemplo, na Jamaica. Posso dizer um Rum da Jamaica contra um de Barbados contra um da Martinica. O problema vem aonde não há regulamentos e os destiladores podem produzir rums fora dessas normas, por exemplo, um estilo francês Agricole na América.

WIRSPA Rum do Caribe



Embora a situação pareça sombria, não é completamente sem esperança. Muitos dos produtores de rum dos países da bacia do Caribe formaram uma entidade conhecida como WIRSPA (West Indies Rum and Spirits Producers' Association Inc.), que existe desde o final da década de 1960. A WIRSPA promove o rum caribenho como uma categoria premium por meio da defesa comercial, treinamento e divulgação educacional. Entre as ferramentas em seu portfólio está a designação Authentic Caribbean Rum (ACR), que pode ser usada pelos membros da WIRSPA em produtos que atendem a um conjunto mínimo de requisitos.

Embora a marca ACR seja um começo razoável, ela é prejudicada por alguns problemas. Primeiro, fora dos entusiastas do rum hardcore, a denominação provavelmente significa pouco para um consumidor médio ou mesmo curioso. Trata-se, principalmente, de educação e conscientização da marca, sempre um desafio quando o orçamento de uma organização é apertado e pago por uma coalizão frouxa de países, muitos dos quais não estão bem financeiramente.

Em segundo lugar, a marca ACR transmite relativamente pouco sobre os métodos de produção da grande variedade de rums que carregam o logotipo. Com tantos rums querendo o logotipo ACR, é uma corrida para o menor denominador comum. Por exemplo, a marque ACR não impede a adição de adoçante a um rum.

SOLERA


O processo de envelhecimento pelo sistema Solera tem uma longa e distinta história. Originária da Península Ibérica (ou seja, Espanha e Portugal), foi usada pela primeira vez para envelhecer vinhos, xerez e conhaque. O sistema Solera usa um sistema de muitos barris, empilhados em várias camadas. Vinho recém-feito ou espírito vai para os barris mais altos. O produto acabado é retirado dos barris inferiores (mais antigos). Periodicamente, cada camada de barris é parcialmente reabastecida da linha acima. Cada gota de líquido passa tempo em cada camada de barris, e por causa da mistura periódica em muitos barris, o produto acabado muda muito pouco ao longo do tempo.

Dada a grande influência da Espanha no Caribe produtor de rum, é natural que o processo Solera se mantenha lá. Os rums mais conhecidos da solera hoje incluem Zacapa, Dictador, Santa Teresa e Cartavio.

Recentemente, o sistema Solera de envelhecimento tornou-se um pouco de uma palavra suja na comunidade de rum. Não porque não possa criar grandes resultados, mas porque os profissionais de marketing muitas vezes usam o termo para enganar o consumidor. Por exemplo, Ron Zacapa Centanario – com "23" proeminente no rótulo - é um rum de idade Solera, mas dá a impressão de que o rum na garrafa tem sido envelhecido há 23 anos. No entanto, com o processo solera, não há uma idade verdadeira. Cada gota é diferente. Algumas moléculas podem ter passado trinta anos na Solera, enquanto outras podem ter passado muito menos de uma década.

Na melhor das hipóteses, você pode especificar uma idade média para um rum de idade natural. Para um público que bebe e que entende uma declaração de idade como "23 anos" para significar que cada onça na garrafa passou pelo menos 23 anos em um barril, o envelhecimento da Solera é confuso e muitas vezes leva a expectativas excessivamente infladas sobre o quanto o envelhecimento realmente ocorreu.

Além da idade real, outra questão com o auto-descrito solera rums são as marcas simplesmente usando indevidamente o termo: Envelhecer seu rum em uma série de tipos de barris não relacionados não o torna Solera. Claro, você pode primeiro envelhecer um rum em barris de ex-bourbon, depois um carvalho francês, cask ex-conhaque, e depois um barril de xerez Pedro Ximinez. O resultado final pode ser delicioso, mas não é uma solera verdadeira.

CLASSIFICAÇÃO GARGANO

No mundo da apreciação do rum sério, um novo movimento surgiu. As categorias insatisfatórias de rum "branco", "ouro" e "escuro" já não satisfazem. Um novo sistema de classificação de rum se faz necessário e assim vários especialistas assumiram para si mesmos ideias para criá-lo. O mais reconhecido (e muito debatido) é o Sistema de Classificação Gargano, projetado por Luca Gargano, da distribuidora italiana Velier, com a ajuda do mestre destilador Richard Seale da Destilaria Foursquare em Barbados. O sistema Gargano é modelado no esquema de uísque escocês de maltes simples versus blends. Já foi adotado por várias marcas.

Esta classificação se concentra na destilação e na mistura e não trata de qualidade, mas sim de um método objetivo para classificar, dando credibilidade e valor a toda a categoria de rum.

Como o uísque, a estrutura de Gargano é baseada no método de produção. Ele identifica rum feito em um alambique, ainda de melaço em uma única destilaria como "rum puro único". "Blend único" é uma mistura de rum destilado de alambique e coluna de uma única destilaria. Rum tradicional é destilado em um estilo Coffey ainda; algo rotulado simplesmente de "rum" é feito em uma multicoluna. Rum agricole, feito de cana recém-prensada em oposição ao melaço, têm suas próprias categorias. Não há referência ao país de origem dentro do sistema porque, como diz a lógica, um rum puro tem pouco em comum com um rum produzido em massa escurecido com caramelo, mesmo que ele seja da mesma ilha. Acima de tudo, não há referência no sistema Gargano para colorir.

O sistema Gargano é relativamente simples: o rum é classificado da seguinte maneira:

Pure Single Rum – lote (batch) 100% ainda comparável ao conhaque/single malte
Single Blended Rum – mistura de lote e contínuo tradicional ainda comparável ao uísque misturado
Rum tradicional – tradicional contínuo ainda, por exemplo, savalle, coffey, etc, comparável ao uísque de grãos
Rum – multi coluna ainda

Infelizmente, essa nova classificação está sendo promovida incorretamente em alguns casos, o que está fazendo com que pessoas questionem seu propósito e por que a indústria do rum deve adotá-la apenas se não parecer beneficiar cada rum.

Há menções de que a classificação de Gargano não é feita para todos os rums, mas sim feita para "entusiastas do rum" e bebedores espirituais que já podem estar familiarizados com a classificação do uísque.

A classificação Gargano não se destina a ser uma ordem de preferência, mas como uma forma de ajudar os consumidores a identificar rums premium reais com base no valor, tradição e autenticidade, em vez de embalagem e marketing.

A classificação do uísque como conhecemos hoje em dia não aconteceu da noite para o dia, esse movimento de rum vai exigir apoio contínuo da indústria de rum, de produtores, engarrafadores, embaixadores e entusiastas de rum.