Cavendish ganhou notoriedade ao participar da dominação da Virgínia, nos Estados Unidos. Após algumas expedições para o Oriente, resolveu se aventurar nas águas ao sul do Atlântico, onde finalmente encontrou o lugar em que mais atuou em toda a sua vida. O inglês chegou a atacar Vitória, no Espírito Santo. Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Ilhabela, em São Paulo. Em Santa Catarina, queimou engenhos onde fez muitos escravos.
Em mais um de seus ataques à Vila de Santos e São Vicente, no Espírito Santo, viu suas tropas sofrerem grandes baixas, o que o obrigou a recuar. Ao retornar para Ilha Grande, onde estava estabelecido, foi atacado novamente e fugiu para o meio do atlântico tentando alcançar a Ilha de Santa Helena. Nessa fuga, alguns autores defendem que Cavendish morreu próximo a Pernambuco, deixando para trás o rastro de uma história de destruição e muita pirataria.
Thomas Cavendish
O Litoral brasileiro foi alvo de diversos ataques de piratas e corsários no período colonial e muitos deles passaram pela Ilha de São Sebastião (ilha principal do Arquipélago de Ilhabela) e usavam a ilha, que era desabitada para se esconder, abastecer as embarcações de água, frutas e madeira.
O mais famoso e conhecido deles foi o corsário inglês Thomas Cavendish. Ele atormentou o litoral brasileiro e foi muito temido pelos portugueses. Foi o primeiro inglês e terceiro homem a circunavegar o planeta. Suas peripécias em território brasileiro começam em 1591, quando deixou a Inglaterra com intuito de chegar à China, passando pelo Estreito de Magalhães. Durante essa expedição, passou pela costa brasileira onde saqueou vilas e vilarejos.
Um de seus ataques foi à Vila de Santos e São Vicente onde incendiou engenhos, fez reféns, conseguiu roubar muito ouro e dominou a região por dois meses. Após os ataques, Thomas Cavendish usou Ilhabela como esconderijo e como base, passando duas vezes pela região, na segunda foi duramente atacado pelos portugueses e sofreu diversas baixas. Esses ataques fizeram com que ele não completasse sua missão, até organizou outros ataques, mas sem sucesso, que o fez sair da Costa Brasileira.
Alguns de "nossos" piratas
Muitos brasileiros desconhecem que tivemos também os “nossos piratas”. Não eram brasileiros, mas de fato, fazem parte da história do Brasil.Uma das aventuras mais fascinantes de nossa história tiveram quatro protagonistas: 2 ingleses e 2 franceses.
Imagine quem morava numa vila litorânea do Brasil, em dezembro de 1591, e viu sua cidade ser cercada ao redor da Igreja local, numa manhã? Foi o que aconteceu com os moradores de Santos ao ser atacados por Thomas Cavendish, súdito de Elisabeth I, a rainha virgem. Poucos anos, outro corsário britânico, o James Lancaster também saquearia a rica capitania do Pernambuco, conquistando grande fortuna.
Em 1710, mais de um século depois, os franceses escolheriam o Brasil como alvo de seus ataques. Jean-François Du Clerc atacou o Rio de Janeiro no auge do ciclo do ouro, cujo epicentro foram as Minas Gerais. Du Clerc fracassaria, mas deixaria ensinamentos para seu contemporâneo, que em 1711 atacaria o mesmo destino, Duguay-Troin, o último corsário a atacar o litoral brasileira obtendo êxito.
Quem foi Thomas Cavendish?
Os ladrões dos mares foram todos corsários quee saquearam nosso litoral, nos séculos XVI e XVII. Muitos tiveram autorização de seus monarcas.
O primeiro destes saques é do inglês Thomas Cavendish, que atacou a vila de Santos, na manhã de Natal de 1591. Nesta época, o Brasil era espanhol, pois vivía a chamada União Ibérica, sob o reinado de Felipe II de Espanha.
Os 300 ingleses passariam cerca de dois meses em Santos, até seguirem para o estreito de Magalhães. Eles conquistaram a cidade sem resistência e tomaram as espadas dos homens do lugar, ao cercarem a Igreja local. Nesta nossa vila colonial, já residiam dois ingleses, dentre eles, John Whithall, um senhor de engenho.Thomas Cavendish era filho de uma família nobre de Suffolk. Aos 25 anos teve a primeira experiência no mar, sem nenhuma prática marítima ou militar. Rumou como almirante da frota armada de Walter Raleigh para a colonização da Virgínia, território que compreende os atuais estados da Virgínia e da Carolina do Norte, EUA.
Cavendish comprou e armou a sua custa, a pinaça Elizabeth, em abril de 1585. Estava no centro dos acontecimentos da corte da rainha (Elisabeth I). Voltou da Virgínia sem lucro e com as finanças comprometidas, mas com “uma sólida rede de contatos”. Portanto, a vinda de Cavendish se encontra num contexto maior e com a autorização da rainha inglesa no ano de 1586, objetivando a circum-navegação do globo, como havia feito seis anos antes, Francis Drake, o primeiro inglês a romper e desafiar os feitos de portugueses e espanhóis.
Para saquear Santos, Cavendish comprou o galeão Desire e a pinaça Hugh Gallant, teve investimentos de Francis Walsinghan (homem forte e conselheiro da rainha), um primo da própria Elisabeth I e Walter Raleigh, que navegou com uma pinaça. Além de veteranos da viagem de Drake e um comandante experiente em viagens ao Brasil.
Após sua fuga de águas brasileiras, a última carta de Cavendish, escrita poucos dias antes de sua morte, acusa John Davis de ser um "vilão" que causou a "decadência de toda a ação". John Davis continuou com a tripulação e navios de Cavendish e descobriu as Ilhas Malvinas, antes de retornar à Inglaterra com a maioria de sua tripulação perdida por fome e doença.
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