sexta-feira, 6 de maio de 2016

Amparo, em São Paulo, é a terra da cachaça e do café!

Amparo - Circuito das Águas Paulista
Daquelas coisas que a gente nunca realmente repara no dia a dia: quanta coisa bacana tem na nossa própria cidade! A região de Campinas (SP) foi uma das grandes cafeicultoras do século 19, e a gente ainda identifica antigas construções (muitas negligenciadas, é fato) dessa época por aqui. Mas isso não é privilégio só da Cidade das Andorinhas. Outros municípios ao redor também têm boas histórias que vieram do ciclo do café na região, como Amparo, cidade que está a 70 km de Campinas e a 132 km de São Paulo.

Mas como essa é uma coluna sobre destinos cachaceiros, e não destinos cafeicultores, explico: a história de Amparo com a cachaça começou também por causa do café. Até 1929, quando a Bolsa de Nova York quebrou, os Estados Unidos eram o destino da maior parte da produção de café brasileiro. Com a quebra da bolsa, as exportações diminuíram drasticamente. Para tentar equilibrar a economia e se baseando na lei da oferta e procura, Getúlio Vargas mandou que os produtores de café do país todo queimassem seus plantios, limitando, dessa forma, a oferta do grão.

Fazenda Benedetti

Nessa época, Amparo tinha fazendas de café, que produziam, além do grão, outros produtos do campo, como leite e derivados da cana-de-açúcar. Uma dessas fazendas era a dos Benedetti, família italiana que havia chegado ao Brasil no final do século 19 para trabalhar na lavoura. A Crise de 1929, no entanto, faria com que Antônio Benedetti, o patriarca da família, aumentasse o plantio da cana-de-açúcar em sua propriedade, assim como outros fazendeiros da cidade. Mas a cachaça entraria nessa história por acaso: sem ter dinheiro para quitar uma dívida, um de seus clientes deu como pagamento um engenho, que deu origem à produção de açúcar e, claro, à cachaça dos Benedetti!

Já gosto quando encontro cachaças que, de alguma maneira, se relacionam com a história da cidade ou região em que estão. Esse também é um jeito de preservar a cultura local. E foi justamente isso o que a Fazenda Benedetti fez. Dizem que vista do alto, Amparo tem o formato de uma flor, por ser envolta por muitas montanhas, daí o primeiro nome que o município teve: Flor da Montanha! Em homenagem à cidade, a família Benedetti deu a sua primeira cachaça o nome de Flor da Montanha! O alambique fica na estrada que vai para Serra Negra, e posso falar? Enquanto você passa pelo caminho é quase impossível ficar alheio à paisagem. Não é à toa que muita rota de motociclista passa por ali! Quanta coisa bonita tem em volta!

Ah, e ali você pode provar tudo direto da fonte! O lugar não tem “só” a cachaça, não. Tem café, mel, embutidos, linguiças, queijos, sabonete de cachaça (!) e inaugurou recentemente um café colonial, que funciona aos finais de semana e oferece aos visitantes bolos caseiros, bolachinhas e aquele cafezinho passado na hora. Além disso, eles têm cachaças armazenadas em bálsamo, amburana, carvalho e amendoim. Olha, não existe algo oficial sobre isso, mas o tonel de amendoim que eles têm lá deve ser um dos maiores do estado, se não do Brasil! Enfim, recomendo muito a visita ao lugar, a italianada lá é tutto buona gente!

É a quarta geração da família quem está a frente da fazenda e eles têm criado muita coisa bacana por lá! Existe até o plano de transformar toda a fazenda em um museu, já que eles conseguiram manter muita coisa preservada. Recentemente eles lançaram novos rótulos para a marca Flor da Montanha e lançaram uma nova marca, a Gran Nonno. Não é à toa que eles foram nossos parceiros no Quintal da Cachaça para a criação do nosso blend comemorativo de um ano!

Fazenda Benedetti
Circuito das Águas – Rodovia Amparo/Serra Negra
SP-360, KM 138
Bairro dos Almeidas, Amparo.
Coordenadas para o GPS: -22.680674,-46.731838

Microdestilaria Hof

Além da Fazenda Benedetti, Amparo e região reúne cerca de 15 produtores da bendita, que ficam em fazendas que, tal qual o centrinho antigo da cidade, ainda preservam belos casarões do ciclo do café. Infelizmente, poucos deles têm registro no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). No entanto, também no Circuito das Águas, Serra Negra tem um belo alambique que vale a visita. Se trata da HOF Microdestilaria, onde são produzidos cachaças, licores e aguardentes compostas.

O espaço que abriga a Microdestilaria Hof é um charme a parte. A decoração resgata o clássico e o tradicional em um espaço que encanta através da simplicidade da beleza das pequenas coisas. É um lugar fácil de frequentar, por isso vale a pena a viagem até lá. O ambiente rústico vem propositalmente para lembrar o antigo, o secular. Os atributos de beleza estão presentes em cada detalhe da acolhedora e aconchegante arquitetura. A charmosa estrutura serve como ponto de parada para degustar uma bebida e ao mesmo tempo pode ser um espaço para exercer a troca cultural. “Queremos aproximar culturas diferentes e gerar experiências marcantes. Nem que seja por uma hora, por um dia, ou que se perpetue”, finaliza Braunholz.

A qualidade incontestável dos produtos da Microdestilaria Hof é facilmente reconhecida. A Cachaça Alma da Serra descansada em barris de carvalho americano foi Medalha de Ouro no Concours Mondial Bruxelles – Spirits Selection, em 2014, campeã entre cachaças premiadas em ranking promovido pela revista VIP em 2015 além de ter alcançado a quarta colocação no Concurso de Qualidade da Cachaça UNESP/Araraquara.

Microdestilaria Hof
Rodovia Joaquim Alexandre Zocchio, s/n, Km 04
Serra de Cima, 13930-000
Serra Negra, SP – Brasil

Um brinde!
Giuliana Wolf
Jornalista e Fundadora do Quintal da Cachaça, o primeiro clube de assinatura de cachaça do país!

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